Bruna.


- Hey - Gustavo cumprimentou Letícia assim que entrou na UTI neonatal.
- Ei - ela respondeu menos animada.
A rotina de ambos se intercalava entre hospital e casa, cada um na sua. Então eles se viam basicamente quando estavam ali, cheios de preocupação e tensão. Já havia se passado mais de um mês desde o nascimento.
- Alguma novidade? - ele perguntou.
- Eu não sei, não vi nenhum médico hoje.
- Ninguém apareceu aqui?!
- Apareceu, mas eu não tive coragem de perguntar.
- Ei, o que foi? - Gustavo se aproximou dela, tirando uma mecha caída sobre o rosto.
- Eu não aguento mais, Gu - Letícia desabafou. - É uma cirurgia atrás da outra, um problema atrás do outro. Quando nós poderemos levá-la pra casa? Quando eu vou poder carregá-la e alimentá-la como uma mãe deve fazer?
- Let, olha tudo que ela já conseguiu até agora!
- Uma cirurgia no cérebro, uma no coração, duas no intestino... - ela enumerava.
- Olha como ela está enorme! - ele a cortou.
- Tamanho não quer dizer muita coisa pra mim, não é o tamanho que importa.
- Ah, então se ela continuasse cabendo certinho na minha mão, tudo bem pra você?
- Não é isso. É só que ela estar grande não quer dizer que ela está bem.
- Eu sei, mas já conseguimos um avanço e tanto. Tenta pensar positivo.
- Não é fácil.
- Não, Let, não é. Mas a gente tem que ter força do mesmo jeito. Por que você não vai pra casa agora, toma um bom banho e dorme? Amanhã você volta.
- Eu fico mais ansiosa em casa, prefiro ficar aqui.
- Não adianta insistir com você mesmo - ele suspirou. - Olha só, o médico está vindo - Gustavo apontou.
- Olá - o médico os cumprimentou. - Hoje estamos muito bem, hã?
- Quando eu vou poder levá-la para casa, doutor?
- Em breve, Letícia. Ela está reagindo muito bem.
- Sem mais cirurgia?
- Por enquanto sim - ele examinava a bebê. - Já escolheram  um nome? 
- Ainda não - Gustavo respondeu.
- As pessoas dizem que nomes são importantes, que os bebês se apegam aos nomes.
- Letícia não quer dar um nome.
- Medo de se apegar ainda mais?
- Não é certo isso, doutor - ela estava chorosa.
- Pensem em um nome. Você vai querer apresentá-la como deve ser quando as visitas chegarem, quando vocês saírem daqui.
- E quando vai ser isso?
- Em breve, mas não hoje. Ela ainda precisa de ajuda para respirar e precisa da sonda - Letícia fungou. - Ânimo, Letícia! Os intestinos já funcionam sozinhos!
- E ela já abre os olhos - Gustavo pontuou.
- E segura a minha mão - a voz dela era baixa.
- Viu? Aos poucos ela conquista seu espaço no mundo - o médico sorriu. - Vocês ficam à vontade aí como sempre, eu volto mais tarde.
- Obrigada, doutor - Gustavo respondeu e pegou na mão de Letícia. - E o nome? Podemos decidir?
- Gustavo...
- Isso é importante, Let. Não dá pra ficar falando a bebê ou baby girl como você insiste.
- Você sabe os que eu gosto. Pode escolher o que quiser entre eles.
- Tem certeza?
-Uhum. Você vai escolher o certo, eu sei disso.
- Okay. Então essa aqui é a Bruna - e Letícia caiu no choro. - O que foi? Não gostou?
- É perfeito. Era exatamente esse que eu queria - Gustavo riu.
- Ei, Bruna - ele pegou na mãozinha dela. - Fique boa logo pra você ir pra casa. Você tem um quarto lindo te esperando.
- Dois quartos - Letícia o corrigiu.
- Verdade.
- Olá - uma enfermeira se aproximou. - Não está na hora de trocar essa menininha, não?
- Você pode chamá-la pelo nome agora.
- Sério? E qual é?
- Bruna.
- Então vamos trocar essa pulseirinha e colocar esse nome lindo nela.

2 comentários

  1. sim, nome lindo, dona enfermeira.
    e estou apaixonada pela let. ainda mais nesse post. <3
    o gustavo tá um pai todo lindo... af
    esperando por mais posts pra ver logo como a situação deles vai ser!

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  2. *-*
    Uhuuul ela está conseguindo e tem o nome mais lindo do mundo!!!!
    Eu acho que esses dois deviam morar junto por ela. Dois quartos pra que?
    Estou amando! Quero ver logo como isso se desenrola. ♥

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