Sobre palavras não ditas.


- Bueno? - ela atendeu rindo: ele ligara dessa vez, não ela.
- Eu sempre acho engraçado você atender o telefone assim.
- Não sei por que não se acostumou - ela ainda ria. - Tudo bom?
- Sim, e com você? Acredito que tudo ótimo.
- Sim - ela gargalhou. - Maravilhoso!
- É bom ouvir você feliz assim, muito bom.
- Obrigada - ela se sentia uma boba por não tirar o sorriso do rosto.
- Eu vi alguns vídeos de ontem. Você estava linda.
- É a idade - ela fez língua, mesmo que ele não pudesse ver.
- Com exceção do vestido.
- É, você nunca gosta das minhas roupas.
- Eu gosto de você de jeans, ou de short. Sem esses frufrus, sem todo esse brilho. Você já brilha por si só.
- Para com isso! Meu ego ficará inflado.
- É pra ficar.
Eles ficaram em silêncio por alguns instantes.
- Eu estou feliz por você, ardilla, de verdade. Uma pena que eu não posso compartilhar com você.
- É... - ela não sabia o que responder. As ligações dele sempre mexiam com ela de alguma forma gostosa. Mas dolorosa também. E ela estava muito bem para se lembrar do ex-namorado. - Eu também estou feliz por você. Quase te liguei na semana passada, mas minha estadia na Colômbia foi tão rápida que não tive tempo.
- Tudo bem, eu entendo - o silêncio outra vez. - Ah, antes que eu me esqueça! Deseje os parabéns à Blanca. Já estava passando da hora, você sabe - ele gargalhou.
- Ela te mataria se ouvisse isso.
- Eu sei. E parabéns à Clara também. Dois anos já.
- Lembro que você me ligou quando ela nasceu. O tempo passa muito rápido!
- Demais - silêncio de novo. - Ah, parabéns pra Iva.
- Hoje é um dia de parabéns.
- Algo assim.
- Titiiii - ele escutou do outro lado da linha.
- Alguém está te chamando.
- Ela me ama. Mas só porque a gente sempre brinca de coisas de meninos que ela adora.
- Ela é bem a sua cara mesmo.
- Algo assim - silêncio.
- Acho que é isso, então. Que você faça todo o sucesso do mundo, que você chegue ainda mais alto. Você merece, pequena.
- O... Obrigada - ela suspirou. - O mesmo pra você.
- Obrigado. Tchau.
- Tchau - ela desligou o telefone e ficou encarando-o por um tempo.
- Titi - sua sobrinha lhe chamou. - Veeeem?
Ela sorriu, se levantou do sofá, pegou a menina no colo e lhe deu um beijo nos cabelos.
- Clara?
- Hm?
- Eu te amo.
- Eu também.

Nenhum comentário

Postar um comentário

Layout por Maryana Sales - Tecnologia Blogger