Am I crazy?


Ela pegou o telefone e resolveu ligar, toda aquela ansiedade a estava matando.
- Oi, Dulce - ele atendeu o telefone com a voz rouca.
- Oi - a voz dela era baixa. - Tudo bem?
- Com sono - ele riu, drogue. - São quantas horas?
- Por volta de duas.
- Certo - ela escutou a respiração calma dele. - Eu vi seu clipe essa semana. Ficou a sua cara, com exceção do ritmo. Nunca achei que fizesse o estilo rancheira.
- Nem eu. E a ideia não foi totalmente minha.
- Trabalho, eu sei.
- Uhum.
Eles ficaram em silêncio por alguns minutos. Ela sempre ligava de madrugada, ele já havia se acostumado, afinal.
- O namoro está sério, hã? - ela falou de repente, tentando entrar no assunto.
- Sempre esteve - ele percebeu que ela prendera a respiração e se arrependeu um pouco do que disse. - Já tem um bom tempo que estamos juntos.
- É, eu sei. Mas só agora você disse para todo mundo que ela é sua namorada.
- Aham.
Ele segurou o riso, não queria que ela percebesse que aquilo, talvez, fosse uma provocação. Estava tão cansado de esperar.
- Por quê? - ela perguntou.
- O quê?
- Só agora. Já tem mais de dois anos e só agora você a apresentou.
- Não sei, foi a entrevista - ela bufou, irritada.
- Tem alguma coisa a ver com o fim do meu namoro?
- Claro que não - ele gargalhou. - Nem sabia disso.
- Não finja que não te conheço bem - ela o recriminou. - Você sabe disso, sim.
- Não vi nada sobre isso na mídia, como poderia saber?
- Você tem seus contatos, Poncho.
- Talvez - ele riu. - Por que você terminou?
- Dois anos. É sempre quando completa um ou dois anos de namoro - todos os seus namoros haviam durados um desses tempos.
- Você agora se baseia pelo tempo? Uau.
- Como se isso fosse verdade - ela revirou os olhos, ainda que ele não pudesse ver. - Não estava dando certo, então terminei.
- Hm...
- Desculpa te acordar, como sempre - ela não sabia mais o que dizer.
- Não tem problema.
- Vou te deixar dormir. Boa noite.
- Boa noite - e ela desligou.
Dulce plugou o fone de ouvido no celular e colocou uma música qualquer para tocar. Ela não conseguia dormir, talvez uma boa melodia ajudasse. Se passou meia hora até que o celular apitasse por causa de uma mensagem recebida.
Três palavras, ela leu. Com um sorriso e o coração doendo, ela apenas se dignou a responder e então desligou o celular. Agora ela conseguiria dormir e não queria que nada interrompesse isso.
Duas palavras.
Poncho, irritado, jogou o celular longe. Por mais que ele quisesse se afastar, nunca conseguia. E, mesmo se ela já estivesse longe, ele conseguia trazê-la de volta.


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